17.1.11

Better Man.


Uma reflexão tão longa quanto um monólogo de Edward R. Murrow levou-nos a concluir que podíamos começar este blog de três maneiras e meia. A primeira, a melhor. Entrar a matar. Com justa causa, bem se entenda. Aquela que se aplica, que tem propósito, que acrescenta e seduz. Aquela que recebe com flashes e flutes, num rol de esclarecimentos convenientes, estendidos no fim sob a forma de tapete vermelho luzidio, que não deixa outra opção ao visitante, semente do acaso, senão a de regressar a local de tão rigoroso festim. Após minucioso escrutínio concluímos que o melhor seria não seguir com a melhor opção.

A esta, seguia-se a segunda melhor maneira possível. Conhecida por responder tanto quanto questiona, esta é aquela que deixa no dito visitante, agora já menos semente e muito mais flor, o travo agridoce da curiosidade. Percorrer este rumo seria injusto. Juraríamos sem cumprir, e enunciaríamos altos valores que deste blog não se esperam. Exemplo desta via seria prometer um enriquecimento da cultura cinematográfica alheia. Pois bem, a não ser que este blog arranjasse fórmula para apagar as luzes do outro lado da fibra, e pôr a passar por esses lares dos visitantes flor a fora, diferentes obras da sétima arte, tal tarefa jamais será cumprida. Afirmar que Maximilian Schell ganhou um Oscar de Melhor Actor, em 1961, pela sua interpretação em O Julgamento de Nuremberga, não é enriquecer a cultura cinematográfica. Enriquecê-la é ver o filme. Aliás, a pergunta que o leitor deverá colocar-se é, Não estará esta cultura de natureza não cinematográfica, veiculada por este tipo de blog de cariz duvidoso, a ocupar espaço que deverei reservar para informação mais relevante, nomeadamente do foro profissional? Quem responder positivamente a esta questão, provavelmente não voltará a este espaço. Foi um prazer. Tal como havia acontecido com a primeira, achámos por bem não abraçar este caminho. Não nos ficamos por segundas escolhas.

A terceira escolha seria o equivalente a estar na fila do Cinema para comprar bilhete, num qualquer centro comercial com dez salas, para, ao chegar a nossa vez, ficarmos a saber que nove deles estão esgotados, e o único com lugares ainda por vender é aquele que assinala a décima sétima colaboração entre Adam Sandler e Rob Schneider, mas só para a primeira fila, ao canto. Não se usa. Era o mesmo que espetar com um clip de Ana e as Suas Irmãs tirado do Youtube, e dizer, Ora, boa noite, aqui está um blog que se propõe a falar de filmes e afins, mas que por falar entende deixar que os clips falem por si. Haverá noites assim. Mas, não a primeira. Por isso é que não seguimos com a terceira opção. Azar dos azares. Porque o tipo de visitante que dá de caras com esta opção não costuma ser semente nem flor. Já é fruto do acaso.

Restava-nos a meia. Aquela que não era verdadeiramente opção, mas que se tinha maquilhado bem e, à distância, parecia uma. A miopia tem destas coisas. Embacia o horizonte. Ao perto, confirmou-se. Não passava de um fanico. Pena. Ao longe prometia tanto. Ainda assim, o potencial para ser melhor do que a melhor, segunda melhor e terceira melhor opções era bastante superior. Sem hesitar, foi nesta que se pegou. Tem a ver com Cinema? Uma espécie de. É de hoje? Não, há mais frescas. Assume-se como cartão-de-visita do blog? Pode-se dizer que sim.

Um dos cineastas mais maganos que por aí anda, que tanto faz as delicias deste que se assina, verá o seu mais recente trabalho chegar às salas. E, muitas. Cameron Crowe passou uns dias a beber whisky com Eddie Vedder e a assistir a uns quantos concertos dos Pearl Jam à pala, e no final virou-se para os estúdios de Hollywood a dizer que tinha um documentário em carteira chamado Pearl Jam Twenty. Se alguém fizesse o favor de pegar, Crowe agradecia. Parece que alguém pegou, e a coisa vai ser lançada em larga escala. A confirmação já tem uns dias, daí que não seja uma verdadeira opção. Contudo, não poucas vezes, uma meia meia feita e outra meia por fazer fazem mais que uma inteira sem o ser.

Alvy Singer

1 comentário:

  1. Orgulhosamente o 1º "comentador" do 1º post do blog.

    Welcome back!

    E agora, é entrar mesmo a matar com todo o manancial de textos que devem estar aí acumulados, ansiosos por ver a luz do dia!

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