20.1.11

Quando nada é melhor que alguma coisa.


O filósofo espanhol Fernando Savater defende com unhas e dentes que dizer o que queremos é diferente de dizer a primeira coisa que nos vem à cabeça. E, crédito lhe seja dado, tem razão. A constatação até pode parecer óbvia, quando nos lembramos da quantidade de vezes que dissemos a primeira coisa que nos passou pela mente, quando não era verdadeiramente isso que pretendíamos verbalizar. Ainda hoje, este que se assina passou pela embaraçosa experiência.

Em pleno posto de trabalho, onde excelência e sucesso não devem ser antónimos de discrição, uma colega perguntou o que queria dizer Savvy. Duas pessoas ouviram a questão. Uma delas cresceu e viveu na África-do-Sul cerca de quinze anos. A outra domina a linha de Sintra há mais de vinte. Após uma rápida troca de olhares entre os dois sujeitos à questão, um idiota, de sorriso rasgado, responde, Isso é o que diz o capitão Jack Sparrow. A inquisidora, agradada com a memória reavivada, retorque, igualmente com um sorriso, e olhando para o vazio, Pois é. Três segundos volvidos, a última interveniente responde que não existe em português palavra que lhe corresponda. Obrigado, diz a colega, sem aparentar preocupação por ter de seguir outro rumo.

Chegado a casa, após uma pesquisa rápida, venho a descobrir que savvy deriva do português (!) sabe. Posto isto, podemos tirar duas ilações. Que Jack Sparrow será recordado por muitos e bons anos, e que um pouco de cultura cinematográfica é sempre tão útil quanto um par de havaianas na Antártida.

Alvy Singer

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